Jul 6, 2007

November/December 2006

1- DIAS DE SEMANA
Bem, escuso dizer que as semanas parecem quase todas iguais: acordar, ir para a universidade, ligar computador, ler emails - que são raros, diga-se de passagem... amigos desnaturados! :) - e trabalhar no meu programa em Python (reafirmo: uma seca! Sobretudo porque recusa-se a funcionar!), almoçar, ir aos seminários, voltar para casa, TV, preparar o almoço para o dia seguinte, ler (neste momento - en français: "Un Jeune Américain" de Edward White), beber o(s) meu(s) chá(s), cama...
Uma banalidade, excepto sexta em que nos encontramos no Lonnegan's, para as primeiras cervejas do fim-de-semana.

2- IDAS AO PUB
Geralmente bebo só uma cerveja, isto porque:
1. Beber sem nada no estômago (ainda me recuso a jantar às 18h00!) é custoso;
2. A 5 Euros, a cerveja é um hábito demasiado dispendioso para uma estudante bolseira...

3- FIM-DE-SEMANA COM A SÍLVIA (11, 12 e 13/11)
Nessa sexta, por acaso abri excepção e bebi duas pints... Também não podia beber muito mais, pois tinha de ir buscar a minha amiga Sílvia a estação ferroviária. Falar inglês sóbria é uma coisa, com os copos... hips! Don't know...
Um pequeno aparte: A Sílvia foi a pessoa que me convenceu a apresentar a minha candidatura aqui para a Irlanda - está no seu último ano de mestrado em Cork - uma pequena cidade no Sul da Irlanda.
Bem, lá fui eu para estação - como boa portuguesa que sou, conversa e mais conversa e saí um pouco tarde do pub e como não tinha certeza a que distância era a estação e a que horas chegava o comboio, apanhei o autocarro para o centro e depois um taxi na cidade... Fui literalmente roubada! Ainda falam dos taxistas portugueses - umas ovelhas mansas, comparados com os irlandeses! Paguei 9,90 Euros por um trajecto que me demorou cerca de 15 minutos a percorrer a pé (no domingo, depois de ter deixado a Sílvia na estação, de volta a Cork, fiz o teste!), e isto se comparar-mos aos 17,90 Euros que paguei da estação à minha casa - e moro à cerca de 10km da estação!? Ladrões!!! Bem, fui roubada pelo taxista para depois esperar cerca de hora e meia pelo comboio - ok, estava enganada nas horas, mas também, tal como no nosso país, o comboio atrasou-se cerca de 40 min. Quando a Sílvia chegou, fomos para casa - eu, ja tinha feito a peregrinação de sexta ao pub; ela, estava muito cansada da semana e da viagem... Cházinho, bolachinhas e conversa...muita conversa! Querem melhor serão? Ficamos até quase às 4h00 à conversa! Sim, demos jus à fama das mulheres falarem pelos cotovelos... porque foi assim todo o fim-de-semana! Não fizemos nada de especial... mas que demos a treta, demos!!! Muito chá, muita conversa - um fim-de-semana simples, mas muito agradável.

4 - JANTAR INTERNACIONAL (Sábado 18/11)
Dia do meu jantar internacional. A ideia inicial era preparar um prato típico português: rojões à minhota, uns bolinhos de bacalhau e um pudim Abade de Priscos - ou algo do género. Primeira tarefa: encontrar ingredientes... Meus amigos, reitero que estes anglo-saxónicos não sabem o que são lojas, nem HACCP (para quem não sabe - Seguranca Alimentar). Onde já se viu por os Cd's no mesmo corredor do que a carne congelada; os produtos para animais de estimação com os produtos de puericultura e por aí adiante??? Uma dor de cabeca ou será um quebra-cabecas? Demoro sempre imensas horas para descobrir o que realmente quero (e podem perguntar à minha mana, não tenho muita paciência para andar as compras). Tudo isto somente para dizer: "MISSÃO IMPOSSÍVEL". E como não sou (nem de longe, Tom Cruise), foi mesmo impossível encontrar/comprar o que queria. Desisti... E então combinamos fazer um jantar um pouco mais internacional em que cada um trazia um parto de um determinado país (de origem ou não). Tanta comida!!! Fiz uma massa que me ensinaram em Eindhoven (Holanda), crêpes, paté de atum e uma salada, a Una trouxe comida islandesa (uma delícia), Fergal - scones (hhhummmm), Barbara - irish smoothies (gelado de baunilha com Baileys), Helen - mexican salad (é vegetariana), Jens & Katie - bolo de côco e mexican tacos, Nikolaj - bolos de carne e uma tarte de legumes e Chresten - meatballs (almôndegas). Conclusão: Muita comida, regada com muita bebida...
Sobrou tanta comida!! Ia deitar fora a minha massa (cada pessoa levou as suas sobras), mas pediram-me para levá-la para o almoço de segunda-feira: pensei que estavam a pregar-me uma partida, mas lá levei o tupperware, talheres e pratos de plástico na segunda. Aqueci a massa no microondas da "tea-station" (é uma sala com varios electrodomésticos, o que permite preparar/aquecer refeições no dia-a-dia e tem água quente para o chá, claro!). Sentamo-nos na cafetaria e toda a gente comeu! Meus senhores, houve muita boa gente a cobiçar a minha comidinha! Ouvi elogios! Porque cheirava maravilhosamente bem e tinha um óptimo aspecto! Não sobrou rigorosamente nada! Em Portugal? Nem pensar! Que vergonha!!! E este tipo de situações que me fazem adorar este país - a simplicidade das pessoas, sem falsas pretensões e aparências! S.I.M.P.L.I.C.I.D.A.D.E.
Domingo? Limpeza do apartamento e descanso merecido!

5 - IDA A PORTUGAL
Semana de calvário: vôo marcado para Portugal no 24 e os dias que nunca mais passam. Um trauma!
Dia de partida: 24/11.
Hora do vôo: 09h25.
Malas: leves - afinal só fui por 4 dias!
Preço do meu vôo: 20 Euros + taxas = total: 34 Euros (adoro os low-costs!).
Novas regras de vôo? Estúpidas e um roubo legalizado! Passo a explicar: sai de casa as 6h00 da manha, levava comigo o meu pequeno-almoço, pois só chegava a PT ao meio-dia e sempre torna a viagem mais curta ter algo para entreter o estômago.
- Primeira paragem: ficaram com os meus sumos, a minha água e o meu iogurte - breakfast on me that day! Proíbido levar líquidos com volume superior a 100mL. Tradução? Não podem levar nada, têm de comprar nas lojas depois de passar a alfândega, a um preço inflaccionado! - Segunda paragem: trazia tambem comigo algumas prendas de Natal: uns shakers e uns frascos de marmelada confeccionada com whisky Jameson - CONFISCADOS!!! Porque podia utilizar os frascos para transportar líquidos!!?? Total do prejuízo: acima dos 30 Euros. Não ter despachado a mala, ficou-me caro! E eles ficaram com prendas para a família... devem ter um sorteio no final do dia, para saber quem fica com o quê...

Finalmente, em Portugal, para matar saudades do meu avuelito, da minha mana e do seu fagiolino - que decidiu pregar-me uma partida e nascer no 29!!! Chuva, muita chuva!!! De volta a Irlanda, um tempo fantástico à minha espera, sol e temperaturas amenas (dentro do possível), o que tornou o meu regresso menos doloroso...

6 - DIA ESPECIAL: 29 de Novembro de 2006
Melhor dia da minha vida, muito ansiosa, mas feliz! Nasceu a minha pequena Matilde, às 19h14, com 2,970kg e uns fantásticos 48,5cm! Para esclarecer dúvidas que se possam instalar nessas cabecinhas perversas (já me perguntaram se tinha fugido para a Irlanda para ter um bébé às escondidas), a Matilde é a minha primeira sobrinha e afilhada, há muito desejada! E sim, vou ser uma tia babada, babadíssima!

7 - DIA DE TREINO
Primeiro (e único, até hoje) dia de treino. Acordei cedo para estrear a minha nova bicla. Saí de casa às 8h00 em ponto! Pedalei contra um vento terrível, percorri cerca de 10km (em 30 min.) na N11 (Stillorgan onde vivo até Shankill onde mora o meu supervisor).
Como tinha vindo pela estrada nacional, decidi regressar por estradas interiores e à beira-mar: boa ideia? Achei que sim... mas sem mapa e a transitar pela esquerda...hhuuummm. Demorei 1h10 a fazer o trajecto de regresso - não sei quantos quilómetros percorri, mas cheguei a casa estafada!

8 - VENTOS IRLANDESES
Após o meu primeiro dia de treino, e cheia de coragem para o segundo, acordei às 7h30, no dia seguinte, para treinar, mas rapidamente voltei para o ninho: Dia de tempestade: ventos na ordem dos 150km/h segundo os noticiários, dia escuro e pouco convidativo. Dia de choco. Quando alguém vos disser que chove torrencialmente na Irlanda, neguem! Já cá estou há quase 2 meses, e só tive cerca de 5 dias de chuva miúda e possivelmente 2 dias de chuva forte. Acreditem, o pior na Irlanda não é a chuva, mas sim o vento! Chuva aliada ao vento tambem é chato, mas isso fica para relatos de janeiro e fevereiro - época de chuvas segundo me disseram - caso sobreviver...
Quando era crianca, tive um pequeno problema de alimentação: até atingir os 13 anos pesava pouco mais do que 30kg. Era uma luta diária com a minha mãe, pois não conseguia comer! Maldita a hora em que atingi a puberdade e agoro luto para não engordar!!! Bom, isto para vos dizer que sendo magra, sempre que viesse um vento mais forte, era ver-me agarrada aos postes e sinais de trânsito para não ser levada pelo vento... Entretanto engordei :( e mudei-me para Portugal e nunca mais experienciei o trauma de ser arrastada pelos ventos... até ter vindo para cá! Sinto-me novamente com falta de peso (não, não essa falta de peso!!! Mentes deturpadas!). E ver-me agarrada a um poste à espera que os ventos acalmem ou então a andar com o corpo balançado para a frente, quase a 45 graus!

“Se não sabemos para onde vamos, todos os ventos são favoráveis.
Um mapa de nada nos servirá, se não sabemos para onde queremos ir.”
Ditado chinês

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