Sep 16, 2009

a incompetência suíça

...e eu vou dormir debaixo da ponte!

escrevi uma carta no final de agosto à agência imobiliária - responsável pelo arrendamento do meu apartamento no "quartier latin" - a dar 3 meses de pré-aviso para o término do contrato. o que significa que o meu contrato terminaria no final do mês de novembro.
entretanto, coloquei um anúncio no marktplatz a publicitar o meu actual apartamento. devido à minha ingenuidade relativamente ao apartmento com vista para o reno, pedi alguém para iniciar o contrato de arrendamento no início de outubro. tive algumas visitas (7 para ser precisa) e uma pessoa em particular ficou interessada. dei-lhe o contacto da agência imobiliária e disse-lhe que quando tivesse uma data de saída mais em concreto, entraria em contacto com ela.

recebi uma carta a semana passada da dita agência imobiliária a solicitar-me o meu novo endereço e a data de saída do apartamento (tenho 15 dias para enviar a informação). até aqui, tudo bem. eu também preciso de saber por parte da nova agência imobiliária em que data posso mudar-me de malas e bagagens para a nova casa. e estou à espera da resposta. por isso, tenho os papéis "retidos".

segunda-feira no final da tarde, recebo este email:
"hello
it looks like I will be getting the apartment. you had mentioned that you might not take all your furniture. is that still the case?
thanks
"

ao qual respondo:
"hi m.,
unfortunately, i will move out only at the end of october. my deal with the first apartment didn't go through, so i had to find a new one. also, i'll have to take all the furniture for this new one.
i don't know if you're still interested - if not, let me now so I'll repost the ad.
regards,
e.
"

resposta dele:
"hello, yes I will still take it. i signed the paperwork with the rental company today.
thanks.
m.
"

essa foi novidade para mim, pois ninguém da agência entrou em contacto comigo!
hoje recebo uma carinhosa carta a avisar-me que tenho até dia 29 de setembro para vagar o apartamento...

e agora no mês de outubro, vou viver onde? debaixo de johanniterbrücke? de mittlere brücke? ou de dreirosenbrücke?

para completar o quadro, os meus pais vêm em visita uma semana dia 15 de outubro...

4 comments:

Alexandre Correia said...

Olá Li,

Pelos vistos, tem aí um problema para resolver. Não queria estar no seu lugar. Mas saiba que eu gostava de passar algum tempo, digamos que um mês seria suficiente, como mendigo, a dormir onde calhasse, a comer o que calhasse, se alguma coisa calhasse. Não por uma questão de auto-flagelação, que fique bem entendido — acima de tudo, sou amigo de mim mesmo e já basta os castigos que me dão, quanto mais eu próprio castigar-me... — mas pela experiência. Teria de mudar um pouco a minha aparência e tornar-me irreconhecível. E depois, logo veria como as pessoas se comportam. Tenho a certeza que terminaria esse mês com um manancial de vivências e histórias riquíssimo. E que estar definitivamente apto a escrever sobre um tema que me inquieta imenso: a indiferença. É por não conseguir ficar indiferente que me preocupo com o seu problema. Mesmo. Não é só para ser simpático, pois nem nos conhecemos realmente, logo, este tipo de cortesias — leia antes hipocrisias... — não faz qualquer sentido entre nós.

Um beijo,

Alexandre Correia

PS - Não me esqueço de pedir ajuda por si.

li said...

olá a.c.,
felizmente consegui resolver o problema após tratar a agente imobiliária de incompetente (subtilmente, off course). mas acho incrível que ponham o proveito antes do bem-estar das pessoas.
"- já arranjamos alguém para o seu apartamento.
-não, eu arranjei alguém para o meu apartamento. eu pus o anúncio. eu mostrei o apartamento. eu dei o vosso contacto. eu decido quando quero sair do meu apartamento."
foi mais ou menos essa a troca de palavras.

quanto à experiência de ser homeless, já estive em hóteis e pensões de terceira categoria que me deram um before taste do que seria viver sem um tecto.
possivelmente a experiência de visitar a ásia com a s.m. no final do nosso doutoramento vai ser uma experiência algo semelhante (não poder tomar banho com água quente, lavar a roupa num riacho...) - tanto ela como eu gostamos de coisas alternativas e on-the-edge. mesmo assim não dispenso certas mordomias - por isso, não sou a cobaia ideal.

mas desejo-lhe toda a sorte do mundo caso um dia decida realmente ir avante com essa ideia. daria um livro fantástico...

**
l.

p.s. obrigada pela "ajuda" mas felizmente tenho o meu anjo-da-guarda a tomar conta de mim :)

Alexandre Correia said...

Olá Li,

Fiquei contente por saber que conseguiu resolver a bem esse problema. Quanto ao resto, se me conhecesse nem duvidava de como eu gosto de mordomias. E sim, também já passei por alguns pardieiros. Conto inclusivé uma dessas histórias no meu blog; é um dos textos mais antigos, onde recordo a experiência de ter chegado a uma pensão tão nojenta que não consegui tocar em nada e tinha 10 preservativos à espera em cima da cama, prontinhos a usar, em cima de uns lenções que já deviam ter absorvido litros de suor e, talvez até, de "outros" fluídos corporais. Mas nunca consegui habituar-me, nem hei-de alguma vez conseguir. Adoro as estrelas, mas para dormir, bastam-me quatro ou cinco; depende da região. Na Ásia, é melhor uma mão cheia delas.

Beijo,

Alex

PS - E é melhor irem preparadas para lavar roupa em lavandarias, que há muitos rios com crocodilos e água lamacenta...

SmartinS said...

Dualidade: “living on-the-edge” e saborear mordomias. Tão bom saber viver e desfrutar condições distintas no nosso dia-a-dia…isso é o que dá mais sabor à vida! Fico contente que tenhas solucionado o teu problema, que não chegou a ser um problema real, vamos chamar-lhe “falta de comunicação”. E com esse tipo de situações sabes tu muito bem lidar! ;) “A falar é que a gente se entende!” :P Beijo Grande**