Sep 21, 2009

friends, amigo(a)s,

...ami(e)s, freunde.

onde quer que seja, a definição de amigos é sempre a mesma. é a nossa segunda família. alguém escreveu que não escolhemos a família, mas temos a liberdade de escolher os nossos amigos. é verdade.

o meu pai vezes sem conta acusa-me de "dar" demasiado aos meus amigos. demasiado tempo, demasiado energia, demasiado de mim própria. que eles não merecem ou não retribuem. muitas vezes recordo-lhe que não fui criada num meio familiar (definição tradicional - com pais, irmãos, etc.). que saí de casa aos 13 anos. e que cresci com amigos (incluindo as minhas manas que estão acima de tudo e de todos). os meus pais, esses, estavam a 2000kms de distância. alheios a tudo.

ainda hoje, a situação mantém-se. continuo rodeada por amigos - não colegas, nem conhecidos. amigos. amizades de mais de 10 anos e novas amizades. amizades com pessoas a residir na suíça, em portugal. amizades com pessoas a residir all over the world. amizades para os bons e maus momentos. amizades de sangue. amizades com desentendimentos e abraços de reconciliação. amizades com abertura de espírito. amizades desinteresseiras.

e uma prova que os meus amigos são meus amigos - hoje, duas pessoas amigas propuseram emprestar-me o carro/furgão para a minha mudança de casa. não lhes pedi nada. foi oferecido de boa-vontade. sem contrapartidas. sem nada pedido em troca.
quando fiquei doente, uma amiga veio a casa trazer-me mantimentos, carinho e aloé vera fresco (pedido ao dono de uma loja perto da universidade - este ficou surpreendido pelo pedido, mas assim ficou a saber que a planta dele tem poderes curativos). e poderia continuar a lista com mil e um sinais de afecto dos meus amigos. a lista é longa...

sim, pai, os meus amigos são verdadeiros amigos.

3 comments:

Alexandre Correia said...

Olá Li,

E acha que podia ser amiga de um desconhecido? Sim, isso mesmo, de alguém que nem sequer sabe quem é, mas que simplesmente a aborda no meio da rua e lhe pede ajuda. Por exemplo, uma simples informação. Como acabou de passar-se comigo, há momentos, à porta do meu escritório, em Lisboa. Dois casais de espanhóis perguntaram-me por um endereço que estava indicado num guia turístico. Vi que o nome da rua me era familiar, mas depois de rever na memória as ruas da zona, não a encontrava. Como o guia tinha também o número de telefone, liguei para lá e percebi logo porque a rua me era familiar; é a que fica no fim da rua onde mora um dos meus irmãos, mas fica do lado oposto da cidade e os espanhóis queriam mesmo era um restaurante acessível para ir almoçar, às quatro da tarde, em Lisboa. Não há muitas opções, sem irmos para as redes de fast food e centros comerciais. Expilquei-lhes no mapa onde era esse restaurante e onde estavam, elucidei-os que aquela recomendação é errada, pois não é acessível como pensavam, e acabei por indicar-lhes o café quase ao lado do escritório, que faz umas tostas excelentes e ainda tinha três pratos da ementa do almoço a 2,70 euros. Os olhinhos deles até brilharam. E tudo isto dito em castelhano, para que não tivessem dúvidas. Estavam encantados e despediram-se com aquele ar de quem ficou sem jeito. Com aquele ar de quem nunca teria feito o mesmo, sobretudo por um ilustre desconhecido que estava perdido numa cidade à procura de um lugar barato para comer...bem. Mas não me custou nada. Só uma chamada telefónica e uns minutos. E se não tivesse acabado de cancelar uma reunião no outro lado da cidade, até lhes tinha dado boleia para o restaurante que eles queriam, porque continuava a não custar-me nada fazer um pequeno desvio. Também o faria, por exemplo, por mim, que não me conhece de lado nenhum? Não interessa termos uma longa lista de amigos. Interessa é sentirmo-nos bem por tratarmos bem quem vive à nossa volta sem, verdadeiramente, esperarmos pelo retorno, que esse só nós é que o vemos, precisamente pelo prazer de termos sido úteis desinteressadamente. E é mais fácil fazê-lo por desconhecidos que por amigos. Porque, como se diz, quando a esmola é grande, o pobre desconfia e, como também se diz que "não há almços à borla", estamos formatados para não acreditar em borlas.

Um beijo,

com amizade

Alexandre Correia

PS - Mesmo sem a conhecer. Também não a deixava passar fome...

li said...

olá a.c.,

não me conhece, mas (por norma) quem lê o meu blog, sabe quem e como sou. uma das minhas virtudes (na minha opinião) é o meu altruísmo. sim, teria feito o mesmo que o a.c. - aliás já o fiz. ainda no outro dia, fui a uma conferência ao epfl (lausanne) e na estação estava um rapaz (nos seus 25 anos?) com 5 malas. impossível fisicamente carregar as malas todas e mudar de plataforma. eu estava com 6 colegas meus (todos rapazes) e nenhum deles se propôs ajudá-lo. eu ainda enviei a boca (a ver se se moviam) mas nem assim. eu própria estava carregada com o meu saco de viagem (pois ia de fim-de-semana com a minha mana), mas não deixei de ajudá-lo. levei o meu saco e mais 2 sacos do rapaz e acompanhei-o até à plataforma. ele agradeceu-me efusivamente. voltei para junto dos meus colegas e "insultei-os" pela falta de cavalheirismo - que na opinião deles só se usa com senhoras e não entre homens. no comment.

faço-o sempre - ajudar o próximo. o meu avô dizia-me hoje, eles precisam de ti, amanhã podes ser tu a precisar deles.... e não, não esqueço das lições de vida que o meu avô me deixou.

abraço com igual amizade,

l.

p.s. agora já sei a quem me dirigir para pedir informações sobre as "tasquinhas" da próxima vez que for a lisboa :)

Alexandre Correia said...

Olá Li,

Acho que ambos sabemos que não vamos mudar o mundo, mas sempre ajudamos a que não seja pior. Não lhe custou dar uma ajuda ao rapaz, portanto ajudou-o. E fez muito bem. Há pessoas que nunca serão capazes de pensar senão nelas próprias e no benefício que poderão retirar do seu relacionamento com terceiros. Já desisti de tentar "reencaminhar" os que são assim; não mudam nunca e é uma perda de tempo dedicarmo-nos a eles. O que não os torna menos merecedores de uma mãozinha, para carregarmos as malas deles. E depois, há pessoas, pelos vistos, como nós, que não conseguem nunca alhear-se do que se passa à volta e de quem está por perto. Seja como for, tento não levar mais do que três malas, porque nunca saberei se a vou encontrar no cais da estação do comboio para me ajudar...

Beijo,

Alex

PS - Conte comigo, mesmo que não seja para indicar umas tasquinhas em Lisboa!