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o início: o título do meu blog
“incomprehension” é um jogo de palavras entre “em compreensão” e “incompreensão” – o que me retrata perfeitamente. a minha incompreensão não é para com os outros. é para comigo. tento perceber o que e quem me rodeia. tento fundir-me na paisagem. tento tornar-me mais “simples”. tento “descomplicar-me”. tento encontrar-me. porque sei que entre o preto e o branco consigo ver milhares de cores e nuances. o caminho da minha vida é tão tortuoso que nem deus sabe por e para onde vou. nunca escolhi as vias mais fáceis. por um lado, gosto de me pôr à prova. por outro, não sei viver de outra forma. não me imagino casada, com filhos, com um nine to five job. a pagar hipotecas, empréstimos, a planear férias para o algarve todos os anos... não sou eu. não seria eu. não sei para onde quero ir. mas sei para onde não quero ir. e quando me vi numa relação de longa duração (7 anos), vi o meu futuro. vi tudo aquilo que não queria. a traição foi um escape. e como o a. c. frisou (e bem): há quem engane por enganar, há quem engane... por outros motivos. não me arrependo da traição. aliás há bem poucas coisas das quais me arrependo. há uma: não ter terminado esse relacionamento 2 anos antes. um erro que aprendi e que não volto (espero eu) a repetir. ler (n)os sinais. com antecipação. por isso, é que sou mais “selectiva” nas minhas amizades.
o meio (?): os casamentos, os casados, e os sacanas
não sou uma “destruidora de lares” no sentido em que não me envolveria com uma pessoa casada. mesmo se não acredito no casamento. não acredito que um contrato mude o que quer que seja numa relação. aliás acho que lhe confere mais uma “obrigação”. mas admiro as pessoas que ainda dão o nó. com fé. porque outra coisa que me irrita nos casamentos de hoje é o significado em si que foi se perdendo along the way. agora “casamento” é sinónimo de festa. é despachar o assunto com o padre o mais rapidamente possível e depois partir para os “comes&bebes”. gastar dinheiro no casamento. gastar dinheiro no divórcio. para mim é ao que se resume o “casar”. por isso, quem se meteu nelas, que as aguente. é necessário um período de reflexão antes de dar o passo. se não o fez e 3/4 anos depois apercebe-se que afinal ainda lhe faltou muito a descobrir... it’s not my problem and i'm certainly not the solution. e é claro que a maioria prefere ter “um pássaro na mão do que dois a voar”. e é claro que enquanto não tiverem a certeza que a terceira pode ser the right one, não vão deixar a “oficial” partir. a minha opinião? quem o faz é um verdadeiro f**** da p*** (desculpem-me a vulgaridade/aplica-se a ambos os sexos). porquê ter tanto medo de ficar só? por que é que a sociedade (portuguesa) ainda marginaliza as pessoas que escolheram o celibato? eu não fiquei com a pessoa com quem traí o meu namorado. ficamos juntos 2 meses e depois cada um seguiu o seu caminho. eu? decidi continuar a minha vida e saborear a minha liberdade. e sabem que mais? 3 anos volvidos, e não me vejo noutra relação. com restrições, fronteiras, regras, horários? para isso temos a nossa sociedade.
o fim: a minha capacidade de perdão
melhorou substancialmente nos últimos anos. faz parte do meu processo de “compreensão”. ainda não consegui chegar à parte de “esquecer e perdoar”, muito porque acho que se uma pessoa esquecer (e acredito que haja pessoas com memória curta), a outra pessoa (que cometeu o erro) facilmente volta a cometê-lo sem quaisquer preconceitos. o meu avô dizia-me: “há que perdoar, mas não ser burro”. e quando decidi nem perdoar nem esquecer e apaguei certas pessoas da minha vida (muitos familiares do lado paterno), a minha vida melhorou exponencialmente. acabaram-se as intrigas, as más-línguas, as invejas, etc. mas cada caso é um caso, e sim há pessoas que merecem o perdão. perdoar e ser perdoado.
mas todas estas experiências não me tornaram mais amarga para com a vida. ao contrário. passei a apreciá-la ainda mais. “o fracasso não é ausência de sucesso, é desitir de tentar”. é o meu lema. sou uma sobrevivente, tal como jean-baptiste grenouille. se sobrevivi a tanta coisa, é porque tenho um objectivo na vida. ainda não sei qual, mas tenho.
p.s. obrigada a.c. pelos “longos” comentários. tornei-me seguidora oficial do seu blog (pois já o lia oficiosamente através do blog da s.m.) porque gosto das suas estórias e das suas fotografias. e a áfrica faz parte do meu roteiro de viagens "a concretizar".