...and all that jazz!
esta discussão sobre amizades acordou em mim várias ideias/frustações/memórias do passado.
tenho amigos, tenho colegas e tenho conhecidos. cada um na sua categoria. dentro da categoria “amigos”, tenho de tudo um pouco. diferentes origens, diferentes religiões, diferentes status sociais, diferentes vivências. todos diferentes, todos iguais, e todos especiais. aprendo com cada um deles, e espero que eles aprendam comigo.
algo que aprendi com um (pseudo-)amigo do passado é não voltar a cometer os mesmos erros e não deixar de ser eu própria só para agradar à outra pessoa. fi-lo. durante 7 anos. contrariei-me, fiz coisas contra vontade, deixei de ser quem era. magoei as pessoas que me eram/são mais queridas – a minha família.
recebi muitos wake-up calls para o que me estava a acontecer. mas não queria olhar com olhos de ver. e estranhamente, foi com uma traição que acordei para a realidade. poderia dizer: “aconteceu. não sei como nem porquê. aconteceu”, mas seria mentira. sei como e sei porquê. porque podemos andar “adormecidos”, mas o nosso subconsciente está sempre acordado. atento ao que nos rodeia. e no momento certo, ele acorda-nos. e voltamos a abrir os olhos.
traí, sim. e não me arrependo. porque sei por que o fiz. porque libertou-me de 7 anos de cegueira. livre, foi assim que me senti. free and alive. e foi um doce e puro sabor. vivi intensamente esta traição. e voltaria a fazê-lo. again and again.
com esta pessoa (a quem recuso amizade), o cenário é outro. ela não sabe porque me traiu. mas nada acontece ao acaso. não existe o “aconteceu” ou “foi algo sem importância”. há sempre algo que despoleta a situação. há sempre uma importância. nem sempre é algo que podemos controlar, mas neste caso era-o. controlável. se não o fez, é porque não o quis. não deu importância? e a outra pessoa - a “traída” - também não deve dar importância?
perdoei. não esqueci, mas perdoei. e dei-lhe mais uma oportunidade. e mais uma vez, essa oportunidade foi desperdiçada. mais uma traição. mais um perdão. e outra oportunidade. vamos recomeçar do zero. sob outras condições. deixei de dar importância a certos detalhes. deixei de olhar certas coisas criteriosa e minuciosamente. i’ve moved on.
mas as pessoas não mudam. é contra natura mudar. aliás nem quero que mudem. se mudassem, deixavam de ser quem são. eventualmente reajustam-se.
e pedi-lhe. vezes sem conta. respeita-me. como pessoa, como amiga. respeita-me. respeita as minhas vontades. respeita as minhas escolhas. respeita a minha vida. respeita os meus amigos. não o fez. e não mereceu mais nenhuma oportunidade.
Aug 29, 2009
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
5 comments:
Li,
"Nenhuma pessoa merece as tuas lágrimas, e se houver quem as mereça, ela não te fará chorar."
G. Garcia Marques.
é verdade, f. mas é difícil to let it go.
porque esta pessoa foi importatnte na minha vida. deu-me a mão num dos momentos mais difíceis da minha vida. quando me apeteceu desistir de tudo e de todos. e se a amizade terminou, as recordações essas não morrem. e (as boas) guardo-as num canto especial do meu coração.
Li,
por isso é que tu és "GRANDE".
Olá Li,
Não viva no passado, que ainda acaba um museu. A vida é mesmo assim, como o todo-o-terreno: tem auto-estradas que nos permitem chegar ao nosso destino rapida e confortavelmente, tem caminhos poeirentos onde o ritmo é mais lento, mas nem por isso deixamos de avançar, e tem passagens difíceis, que nos exigem muito esforço e técnica, bem como atoleiros, onde nem sempre conseguimos passar. Por vezes, vencemos os piores obstáculos, mas noutras ocasiões eles surpreendem-nos quando não estavamos preparados e caímos em autênticas armadilhas de onde não nos livramos sem muito trabalho; às vezes a solução é mesmo voltar para trás. E há caminhos sem saída. Muitos. O problema é que ao contrário das estradas, o percurso da nossa vida não se descobre num mapa, nem o GPS serve para nada. Por isso é que a vida é uma aventura. E o segredo para torná-la deliciosa é ir vivendo sem nos castigarmos pelos erros de percurso, por não termos tido habilidade para superar um atoleiro, por termos insistido que passavamos por ali e, afinal, depois de muito esforço tivemos de voltar atrás. Parece fácil e, acredite, é mesmo. Eu, felizmente, aprendi há muito a relativizar. Deixei de me desgastar com o que não vale a pena, com o que já não está na minha mão controlar.
Gostei da sinceridade e da forma como assume e encara essa traição que a fez mudar de vida. Para quem há uns dias ainda se dizia não ser "destruidora de lares", parabéns pela evolução. Cresceu muito. Começo a gostar de si. Este é, de resto, um tema fascinante. A traição. Sobretudo essa traição, que coloca alguém a mais na vida de um casal. Como diz a Bíblia, "quem nunca pecou que atire a primeira pedra"... Há, basicamente, dois tipos de traidores: os que são compulsivos, que passam a vida à espreita de qualquer oportunidade, como se fossem animais predadores, e os ocasionais, que normalmente se castigam só por pensar nisso, mas que quando o fazem, fazem-no com uma intensidade espantosa, que lhes confere esse profundo sentimento de libertação que a Li diz ter sentido. Nestes casos, o sentimento de traição começa a invadir-nos antes mesmo de consumada e deixa-nos uma sensação de grande incomodidade quando estamos com quem temos um compromisso, tornando-se cada vez mais difícil "estar" com essa pessoa. E quando a traição acontece, no sentido de se concretizar para além da nossa imaginação, por vezes são experiências que morrem no final do primeiro acto, quando se descobre que não valeu a pena. Isso acontece quando materializamos em alguém uma figura que só existe no nosso imaginário e que seria aquela que queriamos ter ao nosso lado e, na verdade, não temos. Noutras vezes, mesmo que não haja encores, já não voltamos atrás porque, entretanto, descobrimos outras realidades, outras formas de sentir e voltar atrás passa a ser insuportável, mesmo inadmissível. Então, só não mudamos se não pudermos; quem fica, geralmente é porque não tem coragem, ou tem dependências inultrapassáveis. Mas, dentro de pessoas com valores e princípios, essas coisas não acontecem sem mais nem menos.
Um beijo,
Alexandre Correia
PS - E desculpe a seca, mas senti-me obrigado a escrever-lhe tudo isto. Oxalá valha a pena ler-me...
Olá Li,
O comentário anterior, mesmo que muito longo, não fica completo se não referir dois temas do seu texto: perdoar e mudar. Perdoe sempre, que o rancor é um dos piores sentimentos que alguém pode ter dentro de si; é tão corrosivo que só faz mesmo mal a quem o sente e às vezes quando se descobre isso, já é tarde demais, porque tornamo-nos pessoas tão azedas, mesmo odiosas, que não conseguimos atrair ninguém para junto de nós. Pelo menos alguém que valha a pena... Não minta nem a si própria, que não há segundas oportunidades na vida. Nestas vivências. As marcas do passado, por muito que as ultrapassemos, jamais ficarão suficientemente apagadas para que numa segunda oportunidade não despertem e nos despertem outro sentimento horrível, o medo. E quando vem o medo de "voltar a acontecer", de "tudo se repetir", começamos a sofrer por antecipação e estragamos tudo. Isso, posso garantir-lhe por experiência própria. E já lhe levo alguns anos de avanço, muito vividos... Quanto ao mudar, diz muito bem que é contra natura. Parabéns por já ter feito essa descoberta. Somos como somos e só vale a pena quando nos aceitam com todos os nossos defeitos; o problema é que nos momentos de encanto ficamos sempre com os olhos turvos e temos tendência a só ver as virtudes, o que às vezes provoca algum choque quando ao aclararmos a visão descortinamos os defeitos. A vantagem das relações superficiais, que podem combinar uma elevada intensidade com um certo distanciamento, é que nunca chegamos ao ponto de ver os defeitos. Mas também não temos mais nada...
Um beijo,
Alexandre Correia
PS - E registei com agrado ter-se tornado seguidora do meu blog!
Post a Comment