Jan 29, 2009

yes, again....



saí ontem, ao fim da tarde, do laboratório em direcção ao centro da cidade, na companhia da s. (a minha thelma), para um momento chillout e um copo de vinho. regressei à casa pouco depois das 20h00. leitura antes de me deitar, e um cloxam para ajudar a dormir.

eram 3h38 quando acordei com um grande bang. seguido de mais bangs, cada vez mais fortes, cada vez mais intensos. inicialmente, pensei que fosse o meu vizinho do 2.° andar a lutar para entrar em casa. mas após o meu apartamento (que fica no rés-de-chão) abalar assutadoramente sob a intensidade das batidas, fiquei na dúvida que fosse somente um alcoolizado a tentar albaroar a porta. fiquei atenta. ouvi uma voz (ou vozes?) e os bangs pararam. momentaneamente. voltaram pouco depois, brutalmente mais intensos. fui para o corredor sorrateiramente e vi uma sombra, e a janela semi-aberta. Essa sombra movimentava um objecto com uma força descomunal. o prédio abalava sob cada batida. aguardei no corredor a ver se mais algum vizinho se manifestava, mas nada. ("medricas" pensei eu).
voltei ao meu apartamento e telefonei à minha mana (supostamente o meu contacto em casos de emergências. e neste caso, a minha lista telefónica pois não fazia minimamente ideia do número da polícia). mas acordar alguém às 3 e tal da matina é missão impossível. eu própria admito que não acordaria facilmente. sentei-me. onde poderia eu arranjar o número sos da polizei? segundos de reflexão. os suíços (nalgumas coisas) não falham. quando me registei nos serviços de estrangeiros e fronteiras, deram-me uma pasta com todas as informações turísticas, serviços úteis e contactos das emergências.
117. telefonei meia-calma, meia-histérica, com os bangs em barulho de fundo.
primeira pergunta: "sprechen sie englisch oder französisch?" (no meu melhor sotaque...).
"nein. deutch."
(na minha mente: "scheiße")
"volta.... (nome da minha rua) problem. bang. bang."
tentei explicar no meu arcaico alemão (se assim o posso classificar) a situação ao polizeibeamte. ele lá percebeu que algo estava errado quando coloquei o meu telemóvel à distância de ouvir os estrondosos bangs.
compreendi algures que ele me perguntava o número do meu prédio. infelicidade minha, só sei contar até 6 (em alemão, claro) e os números dizem-se ao contrário. i.e. 75 = 5 e 70.
disse-lhe para esperar "ein moment, bitte" e procurei desesperadamente no dicionário como se diz sete. felizmente, no curto espaço de tempo, alguém do outro lado pegou no auscultador e calmamente perguntou-me o que se passava, em inglês. Relatei-lhe a situação e 3 minutos mais tarde, apareceu um carro-patrulha e três agentes (dois homens e uma mulher). no entretanto, eu já tinha ligado a luz do corredor e insultado em todas as línguas (que domino) o fulano (não muito inteligente, eu sei - mas soube-me bem gritar-lhe um "what the fuck? are you insane?!"). o prevaricador estava descalço, mal vestido (as temperaturas estavam abaixo de zero e quase nos dez negativos...) e falava algo que soava árabe. enfim, dei o meu depoimento à mulher-polícia, enquanto os outros dois se encarregavam de enfiar o "défonceur de portes" no carro. ainda ouvi um sermão por ter saído da minha "zona de segurança" (o meu apartamento), pois o fulano poderia estar armado e com vontade de praticar tiro-ao-alvo. bem visto. mas também eu tinha a necessidade de dizer ao fulano (mesmo que ele não me tivesse percebido) que não se faz acordar uma pessoa, assim no meio da noite, sem razão nenhuma e sobretudo depois de eu ter tomado um cloxam. não se faz.
falta só acrescentar que um dos polícias parecia estar divertido com a situação/ou comigo? - e não, não estava num négligé sexy mas sim num pijama florido e no meu hoodie da ucd.


horas depois...
1. a minha mana devolveu-me a chamada às 7h00. um pouco tarde, diga-se de passagem, se realmente tivesse estado em perigo. mesmo assim, valeu a atenção, mana.
2. telefonei à agência imobiliária para dar-lhes conhecimento do sucedido e solicitar a reparação da porta de entrada.


os estragos:




a arma do crime: