May 20, 2009

confessar

...pecados vs histórico de doenças na família.



confusos? eu explico.

quando era criança, aquando as férias em portugal, os meus pais obrigavam-me a ir confessar os meus pecados ao pároco de vila cova, o padre m.
ora, há 25 anos atrás, o meu português era insuficiente para dialogar com familiares e ainda mais insuficiente para confessar pecados. mas o padre m., muito dado em cumprir com os seus deveres de pároco, encontrou a solução: ele listava-me os "pecados" e eu ia respondendo au fur et à mesure por "sim" ou "não". claro que esta solução em nada me favorecia, pois ele sabia a lista de cor, e nunca lhe escapava "pecados" menores tais como "bater nas irmãs", "mentir" (que eu mais chamaria de "pequenas omissões", mas a igreja católica apostólica romana mete tudo no mesmo saco), etc.
não me recordo quais eram as minhas penitências, mas pela velocidade com a qual consigo recitar o "pai-nosso" e o "avé maria", devem ter sido pesadas.

quando fui ao hospital na segunda-feira, a médica teve uma atitude muito parecida com a do padre m.
levada pelo nervosismo, eu mal conseguia lhe descrever os casos médicos da minha família. por isso, a médica foi-me listando não pecados mas doenças às quais fui respondendo "sim" ou "não" e o grau de parentesco.

não é a primeira vez que tenho de expôr o histórico médico da minha família, e não é a primeira vez que me apercebo o quão importante é uma pessoa saber exactamente quem morreu/sofreu de quê. mas também sei que é muito fácil, uma pessoa esquecer um detalhe importante - por exemplo, nunca me lembro de lhes dizer que sou alérgica ao ibuprofen e à codeína.
por isso, na minha próxima visita a portugal, vou massacrar o meu tio com a "minha" lista.

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