Feb 10, 2009

lost... & found



o meu pai passeia todos os dias o j. pelos campos de vila cova e aldeias vizinhas. todos os dias, excepto quando o tempo não o permite. e não falo de uma mera chuva, mas sim de um temporal.

a semana passada, o j. teve dois momentos de azar:

1. num dos passeios matinais por "terroso" (local favorito do meu pai), o j. decidiu refrescar-se (? - estava tempo de chuva...) no ribeiro que divide vila cova de palmeira. saltou e foi apanhado de surpresa pela forte corrente do ribeiro. foi arrastado uns metros pela corrente, até encontrar um local onde pôde sair. o meu pai achou a situação hilariante, sobretudo pelo j. não se ter atrapalhado com a situação. deixou-se ir e saiu no momento oportuno.

2. o que aconteceu sábado, já não divertiu tanto o meu pai. sábado último, decidiram mudar os tradicionais passeios pelo campo por um passeio no monte.

péssima ideia, visto ser dia de caça ao javali, logo interdito a não-caçadores. mas é difícil demover o meu pai quando ele está decidido a algo. eram 16h00, quando o j. - assustado pela rápida descida de um jeep e sem espaço para se esconder ou desviar - desceu pelo caminho que estava a percorrer com o meu pai. e perderam-se. um do outro. horas e horas a chamar pelo j. sem sucesso.
o meu pai regressou à aldeia e pediu a vizinhos, amigos e familiares (com tractores e jeeps) para procurar o j.
desbravaram bouças e matos do monte, e regressaram à casa quando já era demasiado escuro para procurar. o meu pai regressou à casa inconsolável por ter perdido o seu melhor amigo.
todos o tentaram convencer dizendo que os dobermann têm bom faro e que reencontraria o seu caminho. mas o j. ainda é um bébé, com pouco mais de 1 ano, e os cães de caça não são amigáveis para com outros cães.
o meu pai não conseguia dormir e voltou, à meio da noite, de tractor ao monte. e passou a noite toda, a chamar pelo j., a projectar a sua voz pelos ventos frios, tentando atingir longínquas distâncias, na esperança que o j. o ouvisse. percorreu todas aldeias vizinhas à procura dele - entre barcelos e viana.
a minha mãe responsou várias vezes a sto antónio.
o meu pai regressou à casa de madrugada já sem esperança de alguma vez voltar a ver o j. são e salvo.
às 8h00 de domingo, retomaram as buscas. vizinhos e amigos já tinham alertado outros amigos e vizinhos. e mais de metade da aldeia rezou na missa de domingo pelo j.

e o j. voltou à casa. são e salvo. eram 9h30 de domingo (pouco depois do fim da missa...). exausto, mas feliz por estar em família.

o meu obrigada aos meus familiares, vizinhos, amigos e a todos os santos pela ajuda na busca do nosso querido j.

2 comments:

SmartinS said...

Que bom que encontraram o j. e houve um final feliz!!!

Beijinhos grandes***

li said...

obrigada. felizmente que o meu pai só me contou a história no domingo à noite, senão também teria sido um dia longo, muito longo. ainda mais porque estou longe e impossibilitada de ajudar.
fica um vazio tão grande quando os perdemos - é como perder uma criança de vista - nem que seja por uns meros segundos... o aperto no coração demora sempre a atenuar-se. e mesmo sabendo que o j. já está em casa, num ambiente familiar, ainda me dói o coração saber que esteve tantas horas sozinho e desprotegido.