Apr 14, 2009

o que mais detesto

... no povo português.



detesto principalmente a falta de educação, civismo, saber-estar e saber-ser dos portugueses.

no avião
na minha ida para portugal, fui encurralada entre uns "peixeiros das caxinas" (sentados nos lugares de trás) e dois casais "tios da foz" (nos lugares à frente). ora, se os de trás me maçaram com grosserias e palavrões, os da frente irritaram-me com conversas ocas de conteúdo e cheias de snobismo. e não foi por estar de ouvido atento. simplesmente os tios tiveram de elevar a voz acima do normal (devido ao barulho dos outros vizinhos) e era impossível não escutar. a solução foi "enterrar" os auriculares do ipod nos ouvidos, com música bem alta, respirar bem fundo e concentrar-me na minha leitura.
consegui, a custo, avançar na leitura e abtraír-me dos sons que pululavam no ar. mas o melhor ainda estava para vir.
mal o avião fez a sua aproximação à pista (i.e. aos saltinhos e a travar), pessoas levantaram-se para retirar os seus pertences da bagageira (as hospedeiras fartaram-se de gritar "sir, sit down. please sit down. monsieur, asseyez-vous. s'il vous plaît, asseyez-vous. madame..."). ora, meus senhores, enquanto o avião não estiver completamente imobilizado e de escadas à porta, ninguém sai. e as bagagens do porão não chegam ao tapete de recolha segundo a ordem de saída do avião. então pergunto: quantos minutos pouparam ao levantar-se do lugar enquanto o avião ainda estava em movimento, contrariando às normas de segurança? não pouparam. nem um minuto. aliás, por causa desses imbecis (que segundo as leis darwinianas deveriam evoluir e não regredir), tivemos direito a um replay da demonstração das normas de segurança a cumprir dentro de um avião. 10 minutos de atraso.

o mais cómico viria logo a seguir. à espera da minha bagagem, uma mala enormíssima emergiu e fez um estrondo ao cair no tapete seguinte. o senhor ao meu lado comentou o seguinte: "eh pá, essa mala deve trazer chumbo!" - e não se enganou por muito. a dita mala não trazia chumbo, mas algo muito mais interessante.
fui agraciada com a visão do conteúdo quando os donos abriram a bagagem (à vista de todos) para verificar o estado da mercadoria.
o que se pode trazer de tão valioso da suíça? chocolates? queijo? uma vaca? barras de ouro? não, nada disso. os senhores acharam que deveriam trazer algo bem mais simbólico: uma sanita.
ainda hoje, pergunto-me se foi compensatório financeiramente (pondo de parte o quão rídiculo é/foi) trazer uma latrina. mas o meu pai defendeu que as sanitas suíças (que possivelmente são de fabrico espanhol ou até mesmo português) eram mais ergonómicas e com uma melhor distribuição de água, e que até não tinha sido uma má ideia...

o vôo de regresso decorreu mais calmamente. consegui fugir aos caxineiros, quando me apercebi que se iam sentar perto de mim e apesar de ainda ter havido idiotas a levantarem-se antes do avião imobilizar, fomos poupados da aula sobre normas de segurança em aeronaves.


nas estradas
outro exemplo de falta de civismo é a atitude dos meus conterrâneos nas estradas.
o carro da minha mãe não é veloz mas cumpre com os seus deveres. consegue atingir 160km/h numa boa descida. ora o limite máximo nas autoestradas portuguesas é 120km/h. limite máximo. não mínimo. os portugueses devem ter um problema de compreensão dessas duas palavras que em muito diferem - alguma anomalia como as pessoas que não sabem distinguir se -3 é menor ou maior do que -2. porque os portugueses acham que 120km/h é o mínimo.

exemplo 1: circulei a 90km/h (limite máximo) na via de cintura interna do porto à noite e senti-me um verdadeiro caracol. 90km/h é uma velocidade razoável, mas quando comparada à velocidade dos meus congéneres condutores, 90km/h é lento. muito lento. com alguma força de vontade (e o facto do carro da minha querida mamã tossir dos pulmões quando se lhe exige um pouco mais), consegui manter-me dentro dos limites legais de velocidade.

exemplo 2: é claro, que quando isto é feito de dia (i.e. cumprir a lei e código da estrada), com um pouco mais de trânsito à mistura, o sangue latino de outros automobilistas ferve bem mais depressa. ia eu (a roçar os 110km/h) na a28 (esposende - porto) e na via da esquerda (não porque me apetecia irritar o resto do mundo, mas porque estava a ultrapassar camiões de transporte - os únicos a cumprir (porque são forçados) as regras de trânsito), quando me apercebo pelo retrovisor, lá longe, uma viatura a fazer-me sinais de luzes. estava a meio da ultrapassagem e com mais meia dúzia de outros "veículos lentos" à vista, por isso decidi manter-me na faixa esquerda. rapidamente, o outro veículo aproximou-se e os sinais de luzes seguiram-se mais intensos. sem me desmoralisar, continuei as minhas ultrapassagens, tendo no entanto a atenção de acelerar até os 120 (não havia descidas por perto...). claro que não foi suficiente para o meu caro colega - que para além do acender/apagar constantes dos faróis, decidiu complementar a chamadinha de atenção com a buzina (não fosse eu cega ou surda). arrumei-me quando pude (e isto significa com segurança e não para deixar passar s. exa), e ainda tive direito ao "dedo de honra" e mais alguns insultos - os quais não necessitaram de som para eu perceber que me estava a presentear com os melhores palavrões existentes no dicionário português.

acho que o governo português deveria adicionar mais uma taxa ao preço de venda de automóveis. essa taxa serviria para algumas aulas de civismo e boa-educação que tanto faz falta a este pequeno povo. se o saber-estar e saber-ser deste país fosse proporcional à qualidade do seu mercado automóvel, não duvido que seríamos um dos povos mais bem-educados deste planeta (excluindo emirados árabes e afins, claro).

4 comments:

S' said...

Ó Li!
Adorei o episódio da sanita..
Se tivesse assistido, passava a falar espanhol directo! Menudo embarazo!!!
bjs,
S'

li said...

o episódio da "sanita" fez com que tivesse ainda mais orgulho de ser portuguesa ;)

qual vergonha, qual quê?!

R said...

ESPECTACULAR. Passo exactamente pelo mesmo nas viagens de avião (tirando as sanitas ambulantes). Mas os broncos e chicos espertos portugueses estão sempre lá. E o trânsito + sinais de luzes dos apressadinhos, bem nem vale a pena dizer mais nada. Muito bom post mesmo.

R said...

ESPECTACULAR. Passo exactamente pelo mesmo nas viagens de avião (tirando as sanitas ambulantes). Mas os broncos e chicos espertos portugueses estão sempre lá. E o trânsito + sinais de luzes dos apressadinhos, bem nem vale a pena dizer mais nada. Muito bom post mesmo.