Jan 22, 2008

Uma questão de sorte...




Dia 14 de Dezembro 2007
Cenário:
Regresso a casa após um jantar comemorativo dos meus "quase" 30 anos, num restaurante amoroso (The three Q's, em Greystone - "nouvelle cuisine", ambiente e companhia agradável - melhor era impossível).
Estrada (da N11 a casa): estreita, mas de dois sentidos - só passa um carro de cada vez, piso em péssimas condições devido às chuvas torrenciais irlandesas.
Condutor: q.b (para não ser muito mázinha, é melhor).
Cerca de 200 metros antes de chegar a casa: para evitar um buraco no dito piso, o "condutor q.b" embate contra o "canteiro de flores" de um cottage. Resultado: só nos apercebemos do "resultado" no dia seguinte...

Dia 15 de Dezembro 2007

Cenário:
Vôo marcado para Milão Bergamo, com embarque às 7h55 e partida às 8h25.
Hora de saída de casa: programada às 7h00, mas, na realidade, já eram 7h15 (moro a cerca de 45km do aeroporto, mas tenho a autoestrada (em obras) à porta de casa).
Resultado da noite anterior: pneu "furado" (melhor seria dizer "cortado").

1.ª reacção: levar o carro até ao posto de abastecimento no fundo da rua e encher o pneu (7h20).
2.ª reacção (já em pânico e após verificar que o pneu perdia o ar insuflado): pedir boleia até ao aeroporto (7h25). Único veiculo a dirigir-se para o aeroporto? Um camião de transportes...
3.ª reacção: telefonar ao meu senhorio (Ivan) e pedir-lhe o carro emprestado (o meu carro estava na universidade) - não atendeu o telemóvel...
4.ª reacção: regressar à casa, tocar à campaínha e acordar o meu senhorio e pedir-lhe o carro emprestado (7h30). O Ivan estava em grande festa com uns amigos, completamente embriagado (a beber Smirnoff, não era para menos...), mas bem-disposto e disposto também a levar-me ao aeroporto :) O carro foi emprestado ao "condutor q.b", após grande seca de "conversa de bêbado" (7h40).
5.ª reacção: à beira de uma crise de nervos, à beira de uma crise de choro, à beira de uma crise de &%$@ (7h50).
6.ª reacção: crispada ao banco de passageiro, a olhar para os segundos a passarem, e a maldizer os condutores irlandeses (futuro post sobre este "assunto") - velocidade: +/- 160km/h em carro emprestado, do meu senhorio, autoestrada em obras, de duas vias, com desvios e radares.

Chegada ao aeroporto:
8h10.
Cartão de embarque na mão (check-in online - as benesses da internet), passagem no controlo raio-x, corrida até ao terminal de embarque.

Chegada à porta de embarque:

8h30.
Embarque: fechado. O avião ainda está estacionado, mas completamente fechado.
Conversa com o staff:
- "Ms Nogueira?"
- "yes. sorry i'm late..." - com um sorriso de felicidade por saberem quem eu era...
- "you can't board. you're 40mins late!"
- "i know. i'm sorry. flat tyre this morning (pior desculpa de sempre, apesar de ter sido verdade). really bad luck."
- "that is why you have to leave your house early! the captain won't let you board. i'm sorry but you have to leave."
(cai-me tudo ao chão...literalmente!)
- "it's my birthday - i'm 30 tomorrow (e agito o meu passaporte). i'm suppose to spend my birthday with my sister in Milan. PLEEEEEEEEEEEAAAAAAAAAAASEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!"
- "i'm gonna ask one last time to the captain. but if he says no, you must leave immediately the airport. do you understand?"
(claro que entendi e claro que estava a fazer umas tristes cenas no aeroporto - sentia o peso dos olhares das pessoas à minha volta - mas no desespero, tudo é válido...)

O resto da estória é óbvia :). Embarquei (voltaram a pôr as escadas para eu entrar no avião), tive cerca de 160 pares de olhos de reprovação focados em mim (isto para não dizer que devo ter sido insultada mentalmente), tive um péssimo vôo (a ansiedade só passou depois de eu ter "despejado" a aventura à minha mana), "perdi" o meu telemóvel no carro do "condutor q.b" - fiquei incontactável por um período de quase 15 dias (isto também porque acabei por partir directamente para Portugal e não regressar a Dublin) e o vôo partiu com mais de meia-hora de atraso...

Moral da estória? Nunca sair tarde de casa para ir para o aeroporto, nunca confiar num "condutor q.b" e abençoar a Ryanair que se quer manter nas "boas graças" dos passageiros.


Nota
: reconheço que se não fosse o "condutor q.b" nunca teria chegado ao aeroporto. Graças ao seu "sangue-frio" e condução altamente perigosa e agressiva, conseguimos chegar ao destino em tempo record! Grazie mille.

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